A escritora e educadora maranhense Maria Firmina dos Reis, pioneira na literatura antiescravista no Brasil, é a homenageada da FLIP 2022, a 20ª Festa Literária Internacional de Paraty (RJ), que se encerra no dia 27 de novembro. Maria Firmina é conhecida por ter lançado, em 1859, o romance "Úrsula", contado a partir do ponto de vista de escravizados, que inaugura a linhagem da literatura abolicionista no Brasil. A mesa de abertura da Flip contou com a participação da historiadora Ana Flávia Magalhães Pinto, da pesquisadora de autorias negras Fernanda Miranda, da cientista social Midria e do coletivo Slam das Minas. O painel, com estudiosas da obra da autora e do período em que ela produziu, segundo a organização do evento, provocou um debate produtivo sobre gêneros literários, abolicionismos e a história do Brasil. Maria Firmina foi professora de primeiras letras em Guimarães, no Maranhão. Sua obra se construiu praticamente em paralelo à literatura majoritariamente masculina e branca dos círculos literários brasileiros. Segundo os organizadores da Flip, a homenagem a ela vem em bom momento, tanto pela qualidade de sua produção em diversos gêneros, como pelo fato de que por bastante tempo ela ficou à margem da história canônica da literatura brasileira. A autora morreu em 1917, sem reconhecimento. Isso, segundo a organização, torna ainda mais urgente comemorar seu legado, que é também o de uma insistente vigilância sobre os valores humanos, capaz de recolocar no centro do debate contemporâneo a educação e a imaginação, mas também a educação para a imaginação. Em 2020 e 2021, o evento, realizado no sul do estado do Rio, teve apenas edições virtuais, devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19. Agora, o evento volta a ser presencial. São cinco dias de atividades que incluem mesas-redondas, apresentações musicais, oficinas, sessões de filmes, saraus e jogos. Há ainda programações paralelas, com estandes de editoras e autores, comercialização de livros e um evento chamado Flipinha (voltado para crianças). Também está prevista a participação de autores como os brasileiros Cida Pedrosa, Cidinha da Silva, Lenora de Barros, Lázaro Ramos, Lilia Schwarcz, Geovani Martins, Cristhiano Aguiar, Ricardo Lísias, Bernardo Carvalho e Luiz Maurício Azevedo. Entre as presenças internacionais estão as argentinas Camila Sosa Villada e Cecilia Pavón; a cubana Teresa Cárdenas; as francesas Nastassja Martin e Annie Ernaux; as norte-americanas Saidiya Hartman e Ladee Hubbard; a portuguesa Alice Neto e o chileno Benjamin Labatut. Conheça a lista completa de autores no site da FLIP. (Com informações da EBC) Homenagem justa a Maria Firmina
FLIP voltou a ser presencial