No dia 28 de junho, Dia do Orgulho LGBTQIA+, é impossível não pensar no papel da literatura na construção de uma sociedade mais diversa e menos preconceituosa. Afinal, as palavras têm o poder de nomear o que foi silenciado, de dar rosto a existências antes ignoradas e de construir pontes entre realidades distintas. Autores e autoras LGBTQIA+ constroem diariamente a história da literatura com obras relevantes, complexas, sensíveis e criativas, que merecem ser lidas em qualquer época do ano e não apenas no Dia do Orgulho. Quando reconhecemos e valorizamos essas vozes, reforçamos a ideia de que a produção literária não está dissociada da vida. A data remete à Rebelião de Stonewall, ocorrida em 28 de junho de 1969, em Nova York. Naquele dia, frequentadores do bar Stonewall Inn, em sua maioria pessoas LGBTQIA+, reagiram a uma violenta batida policial. O episódio marcou o início de um movimento mais articulado por direitos civis e deu origem a uma série de protestos e organizações que influenciaram a luta por igualdade no mundo todo. Desde então, o 28 de junho se tornou símbolo de resistência e orgulho. Para que o mundo seja mais plural, é fundamental que temas ligados à vivência LGBTQIA+ estejam presentes nas diferentes narrativas. Livros que abordam afetos, conflitos, violências e descobertas de personagens LGBTQIA+ favorecem a diversidade e contemplam leitores que, por muito tempo, não se viram representados nas páginas. Pensando nisso, fizemos uma seleção de livros escritos por autores assumidamente LGBTQIA+. São obras de diferentes gêneros literários, épocas e estilos. Confira abaixo: 1. Morangos Mofados – Caio Fernando Abreu Livro de contos que retrata a solidão, o desejo e a fragilidade da juventude nos anos 1980, em meio ao medo da AIDS e à repressão. Uma obra pungente e poética de um dos maiores nomes da literatura LGBTQIA+ Uma graphic memoir intensa e irônica sobre a descoberta da sexualidade, a relação com o pai e os silêncios familiares. Com traço firme e texto afiado, a autora reconstrói sua história com sensibilidade e honestidade. 3. O Quarto de Giovanni – James Baldwin (1956) Um romance tenso e delicado sobre um jovem americano em Paris que se apaixona por um homem italiano. Baldwin, gay e negro, enfrentou o racismo e a homofobia com literatura de alto nível. 4. O Azul é a Cor Mais Quente – Julie Maroh Graphic novel francesa que narra o envolvimento amoroso entre duas jovens, Emma e Clémentine. Foi adaptada para o cinema, mas a HQ tem nuances próprias, mais delicadas e críticas. Maroh se assumiu como lésbica e depois como queer. 5. A Vegetariana – Han Kang (2007) Embora a autora sul-coreana não trate de sexualidade de forma explícita, essa narrativa inquieta e simbólica tem sido lida por muitas mulheres lésbicas como metáfora sobre corpo, repressão e ruptura com normas. Han Kang é lésbica assumida e já declarou que sua literatura parte da não conformidade. Woolf teve um relacionamento amoroso com Vita Sackville-West e escreveu esse romance como homenagem. A obra explora gênero e identidade com liberdade e ousadia, antecipando debates contemporâneos. 7. Me Chame pelo Seu Nome – André Aciman Um romance de verão, desejo e descoberta ambientado na Itália. Embora envolto em certa melancolia, o livro traz beleza e intensidade nas experiências do primeiro amor. Aciman é assumidamente bissexual.Entenda a origem do Dia do Orgulho LGBTQIA+
Livros de autores LGBTQIA+