“Mesmo os pretos educados: os sujeitos escolados, os doutores, os professores, os jornalistas e os homens de negócios tinham uma longa linhagem de enxada. Além de usarem a cabeça para progredir, tinham o peso da presença de uma raça inteira”. O trecho de “Amada”, livro de Toni Morrison, publicado em 1987, é apenas um extrato de uma obra que trata do legado da escravidão nos Estados Unidos, um clássico contemporâneo, que aborda com maestria e delicadeza um dos períodos mais dolorosos da história americana. Toni Morrison dedicou toda uma vida na literatura para falar da escravidão nos Estados Unidos. E nessa semana, em que se celebra o Dia da Consciência Negra no Brasil, a equipe do Sebo escolheu essa escritora para lembrar a data. Com “Amada”, Toni Morrison ganhou o Prêmio Pulitzer, em 1988. E em 1993, foi a primeira escritora negra a receber o Prêmio Nobel de Literatura. Para além das premiações, a obra de Toni é de uma força e gentileza, sem paralelos, e tem como matéria-prima a escravidão americana, com histórias que remontam ao fim do século 19 e início do século 20. E as lembranças da sociedade escravocrata americana, misturam-se às histórias de amor, de vingança, de prazer, de ódio, de morte, de vida. São enredos complexos e envolventes. Vale a pena ser lida cada linha de seus livros. Amada, de 1987, é o primeiro romance de uma trilogia que ainda inclui Jazz (1992) e Paraíso (1997). São dela ainda livros como “O olho mais azul”, de 1970, no qual faz um estudo sobre raça, gênero e beleza, “Canção de Salomão” (1977) e “De volta para casa” (2012). Obras essenciais. ...“Ela me protegeu! Se contasse que eu era negro, eu podia ser escravo”. “Tem negros livres. Sempre tem negros livres. Você podia ser um”. “Não quero ser um negro livre; quero ser um homem livre”... Jazz!