Com mais de 40 anos de experiência em educação infantil, a professora Cibele Lucas de Faria ensina que os livros devem ser introduzidos no dia a dia das crianças desde que são bebês. “A partir dos seis meses os bebês se interessam por histórias, talvez até antes. Isso porque ele já discrimina sons desde a vida intrauterina”, diz. Por isso, ela destaca a importância das histórias, independentemente de serem contadas por meio de livros ou não. “Gosto muito da estratégia dos contos – sejam contos de fábulas ou contos populares – contados oralmente. As crianças ficam absolutamente hipnotizadas”, ensina Cibele, que comanda um centro de recreações para crianças. A educadora ensina que, quando estão adquirindo a linguagem na fase em que são bebês, as crianças entendem o “manhês”, que é a forma suave e ritmada da voz da mãe. “É um dialeto entre mãe e bebê. É aquele jeito que toda mãe fala com a criança e você vê que elas se entendem. E essa conversa vira um ritual, como todos os acontecimentos da vida da criança. Uma troca de fralda é um ritual e vira uma contação de história. A entonação de quem tem um bom ‘manhês’ chega na criança, faz ela rir e ela responde. Quando falo mãe, é a mãe ou o cuidador substituto, quem estiver ali no cuidado da criança”, explica. Um bom livro ou uma boa seleção de histórias são importantes, desde que o cuidador se preocupe com a forma como conta aquela história. “Quanto mais nos aproximamos do jeito que a criança funciona, mais teremos êxito”, continua Cibele. Uma dica da professora é que os livros tenham textos curtos “e que tragam a rotina dos bebês, os objetos com os quais têm contato, sem excesso de informação e sem excesso de cores”, ensina. Segundo Cibele, a criança vai se prender muito mais em livros com duas cores. “As preferidas são preto e branco, ou tons contrastantes e fortes como vermelho e amarelo”, afirma. “A importância dos livros é total. Em alfabetização, por exemplo, se fala muito no ambiente letrado no sentido das letras. Mas se você tem muitos livros, as crianças te pedem, vão lá manusear”, relata.