O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é também um convite a celebrar a diversidade e a presença de escritores negros na literatura brasileira. Ao incentivar os leitores a prestigiar esses autores, buscamos ampliar o debate sobre o racismo e mostrar que é possível, por meio dos livros, entender algumas opressões sofridas pela população preta. É, também, uma forma de valorizar a representação dos negros na nossa cultura. Você sabia que autores de grandes clássicos da nossa literatura eram negros? Que tal conhecer ou relembrar célebres histórias e incluir mais literatura escrita por negros na sua vida? O que dizer de Maria Firmina dos Reis, uma maranhense nascida em 1822 e autora de Úrsula, o primeiro romance escrito por uma mulher no Brasil? Ela era filha de escrava, abolicionista e foi admitida como professora aos 22 anos de idade. Úrsula, como muitos outros romances da época, conta uma história de amor entre dois jovens, a protagonista Úrsula e o bacharel Tancredo. Por trás do romance, porém, há uma clara preocupação da autora com o tratamento dado aos personagens negros, às mulheres e à escravidão. Úrsula é um livro difícil de encontrar, mas está disponível no Sebo Capricho! Reconhecida recentemente como doutora honoris causa pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Carolina Maria de Jesus foi uma ex-catadora de papel cuja trajetória inclui a vida na favela do Canindé, em São Paulo. Nascida em 1914, traduziu em suas obras o enfrentamento do racismo estrutural. Seu primeiro livro, “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, foi escrito quando ainda sustentava a família como catadora e escrevia no pouco tempo que sobrava. O livro repercutiu logo na estreia e foi traduzido para mais de quinze idiomas em 40 países. Os diários escritos entre 1955 e 1960, que compõem a obra, são um retrato do racismo estrutural no Brasil. Quarto de Despejo, inclusive, é um dos livros de leitura obrigatória para o vestibular da UEL. Considerado um dos fundadores da literatura afro-brasileira, Lima Barreto também é autor do clássico Clara dos Anjos. Nesta obra ambientada no final do século XIX, ele conta a história do major Policarpo Quaresma, um nacionalista extremado cuja visão sublime do Brasil é motivo de desdém e ironia. Interessado em livros de viagem, defensor da língua tupi e seguidor de manuais de agricultura, ele se envolve em muitos projetos motivados por seu nacionalismo exagerado. O livro conta histórias da população afro-brasileira sem usar filtros para narrar a pobreza e a violência urbana que a acometem. Mesmo assim, a linguagem poética da autora nos convida a mergulhar no universo das personagens com todos os seus dilemas. Nesse livro, Conceição Evaristo mostra a realidade da violência urbana e da pobreza com um foco preciso sobre a condição da população negra no Brasil. Essa obra reúne três livros do poeta simbolista Cruz e Souza: Broquéis (1893), Faróis (1900) e Últimos Sonetos (1905). Filho de negros e escravos alforriados, ele ecebeu sobrenome e educação formal dos antigos senhores dos pais, pois viviam no porão da casa deles. Sua poesia de agudo senso estético autenticidade resultou em uma obra profunda e bela. 5 livros clássicos da literatura escritos por negros